O mercado passou por várias mudanças significativas e continua em constante processo de transformações. Dentro dessa realidade estimulada pela Globalização, as pessoas sentem a necessidade de acompanhar tudo o que acontece, pois hoje não são apenas as competências técnicas que fazem os profissionais destacarem-se e fortalecer a empregabilidade. Hoje, tornou-se fundamental investir na Inteligência Emocional, pois essa influencia diretamente o desempenho do indivíduo, sua capacidade de lidar com situações inesperadas e até mesmo com conflitos que surgem no dia-a-dia, inclusive no ambiente corporativo.
“Um indivíduo emocionalmente inteligente consegue mobilizar suas emoções estrategicamente para alcançar suas metas. Para isso, ele consegue reconhecer, aceitar, escolher e gerenciar o que sente durante as mais diversas situações”. Essa afirmação é feita por Carlos Cruz – consultor que atua como coach executivo e de equipes, conferencista em desenvolvimento humano e diretor da UP Treinamentos & Consultoria. Em entrevista ao RH.com.br, ele destaque que é preciso buscar a harmonia e quanto mais a razão o indivíduo trabalha com a emoção, mais força e potencial ele terá. Confira a entrevista na íntegra e faça uma auto-avaliação sobre suas próprias emoções. Boa leitura!
RH.COM.BR - Hoje, é fácil observar que os critérios para contratar um profissional não são restritos apenas ao conhecimento técnico. As emoções aparecem entre as competências mais cobiçadas pelas organizações?
Carlos Cruz - A Inteligência Emocional, sem sombra de dúvidas, é pré-requisito para um profissional destacar-se em um cenário cada vez mais competitivo e, assim, conseguir uma boa oportunidade de trabalho, uma promoção ou até mesmo para quem deseja montar o seu próprio negócio. Imagine um goleiro que vai defender um pênalti sem um dos braços. Impossível, não é? O mesmo aconteceria com uma pessoa que eliminasse a razão ou a emoção de seu dia-a-dia. A ciência comprova que os sentimentos e as emoções interferem diretamente no modo como o indivíduo raciocina e seleciona as respostas para seus problemas, processo conhecido como tomada de decisão. Hoje, as organizações necessitam de profissionais que tomem decisões com foco em resultados a curto, médio e longo prazo, com consciência humana e social.
RH - Está difícil encontrar profissionais que saibam "controlar" suas emoções no dia-a-dia organizacional?
Carlos Cruz - O mercado está repleto de profissionais emocionalmente inteligentes que, geralmente, estão empregados ou são donos do próprio negócio. O maior desafio não está em encontrá-los, mas em atrair e retê-los nas organizações. Para isso, é imprescindível instalar sistemas que tratem os colaboradores como um verdadeiro investimento e não como despesa, mudando radicalmente a mentalidade dos líderes empresariais. Com isso, as empresas que buscam sustentabilidade no mercado investem cada vez mais em remuneração, benefícios, treinamentos, possibilidades de ascensão, ambiente favorável ao desenvolvimento humano e profissional, excelentes condições de trabalho, feedbacks constantes, transparência na comunicação, envolvimento da equipe em decisões importantes e muito mais.
RH - O que significa controlar as emoções no ambiente de trabalho?
Carlos Cruz - Significa administrar os impulsos para não explodir e depois se arrepender, ter a capacidade de se adaptar às mais diversas situações para alcançar um objetivo. Além disso, é preciso ter flexibilidade e foco em momentos de pressão.
RH - O estímulo à inteligência emocional pode, de alguma forma, inibir a personalidade do profissional?
Carlos Cruz - A personalidade do profissional é tudo aquilo que distingue o indivíduo dos demais, ou seja, o conjunto de características psicológicas que determinam a sua individualidade pessoal e social. Sendo assim, a inteligência emocional pode, ao contrário de inibir, potencializar as possibilidades de um profissional ter mais sucesso na liderança de uma equipe, na administração de um conflito e no gerenciamento de uma crise, por exemplo. Quanto mais um indivíduo conhece as suas emoções e as mobiliza para alcançar seus objetivos, maiores serão suas probabilidades de alcançar a auto-realização.
RH - Quais as principais características de uma pessoa emocionalmente inteligente?
Carlos Cruz - Ser sincera consigo mesma para avaliar as suas habilidade de maneira verdadeira, abrindo-se para feedbacks, para reconhecer como as suas emoções afetam seu desempenho e a ligação entre o que pensa, sente e sua maneira de agir. É fundamental ter um propósito, um motivo para agir. Estar pronto para agarrar as oportunidades, superar os obstáculos e aprender com eles para seguir em frente, atuar com base na liderança situacional, gerenciar conflitos, colaborar e trabalhar em equipe, construir alianças e desenvolver outras pessoas também são características de uma pessoa emocionalmente inteligente.
RH - Um funcionário com a capacidade de controlar as emoções sempre se destaca em relação aos seus pares?
Carlos Cruz - Não é uma regra que ele sempre se destaque, mas, com certeza as possibilidades são muito maiores. Quando um indivíduo emprega não apenas a razão, mas também as suas emoções, sua inteligência emocional o capacita a encontrar centenas de possíveis opções em segundos para chegar à melhor solução, ao invés de horas.
RH - Quais os benefícios que o estímulo à Inteligência Emocional traz às empresas e aos profissionais?
Carlos Cruz - Os profissionais que são estimulados a desenvolver a inteligência emocional tornam-se mais vivos e autênticos, fortalecem e aceleram o raciocínio, geram confiança e união com a equipe, fornecem informações vitais e feedbacks constantes. São mais criativos e inovam com mais facilidade, geram influência sem prepotência, são mais motivados, estimulam o aprendizado e, assim, contribuem com o aumento da produtividade de suas equipes e, direta ou indiretamente, impactam positivamente nos resultados organizacionais.
RH - De que maneira a Inteligência Emocional pode ser desenvolvida na prática?
Carlos Cruz - A Inteligência Emocional pode ser desenvolvida por meio de trabalhos que envolvem algumas competências do indivíduo, ou seja, características mensuráveis que diferenciam o nível de desempenho de uma pessoa em determinada situação. A regra básica é: se você quer desenvolver a Inteligência Emocional, comece investindo no autoconhecimento e no autodesenvolvimento.
RH - Quais as áreas do comportamento humano devem ser trabalhadas, para que o indivíduo desenvolva a Inteligência Emocional?
Carlos Cruz - Durante os trabalhos de coaching, procuro me basear no modelo criado por Daniel Goleman e Richard Boyatzis. Por isso, costumo trabalhar cinco áreas distintas:
Eu me conheço - É a área do autoconhecimento, a sinceridade que cada um tem consigo mesmo para avaliar as suas habilidades de maneira verdadeira, abrindo-se para feedbacks, para reconhecer como as suas emoções afetam seu desempenho e a ligação entre o que pensa, sente e sua maneira de agir. Pare alguns minutos antes de enfrentar um desafio que gere alguma tensão emocional e pergunte-se: qual é a emoção que estou sentindo neste momento? Como eu posso pensar e agir diferente nesta situação?
Eu me gerencio – Aqui busco trabalhar o autocontrole, que permite a pessoa pensar antes de agir, conseguindo, assim, administrar seus impulsos para não explodir e depois se arrepender. Ter a capacidade de se adaptar às situações para alcançar um objetivo, além de flexibilidade e foco em momentos de pressão são exercícios do autogerenciamento. Tenha sempre um objetivo em mente e pense quais seriam os passos para alcançá-lo. Pergunte-se freqüentemente: qual o comportamento construtivo posso ter agora para alcançar meu objetivo?
Motivação - Os indivíduos têm um propósito, um motivo para agir. Estar pronto para agarrar as oportunidades, superar os obstáculos e aprender com eles para seguir em frente é muito importante. Saiba que o fracasso é um julgamento em curto prazo e trabalhe constante e incessantemente em busca de resultados positivos. Mobilize pessoas para alcançar a realização. Uma pessoa motivada é sinal de iniciativa e persistência. Reflita: suas decisões são motivadas pelo medo de perder ou pela esperança de ganhar? O que você precisa fazer para alcançar seu objetivo?
Eu conheço os outros – Aqui peço para as pessoas olharem para suas equipes e para as pessoas ao seu redor. É preciso mostrar sensibilidade à perspectiva alheia, buscar maneiras de conquistar a confiança e aumentar o nível de satisfação dos outros. Enxergar as diferenças como oportunidades de desenvolvimento faz toda a diferença. Nesta área avalia-se a capacidade de se colocar no lugar do outro, compreendê-lo e entender verdadeiramente o que se passa com ele. Faça uma lista das qualidades, talentos e dificuldades das pessoas ao seu redor. Identificar as pessoas que têm poder e influência nos relacionamentos com a sua equipe pode ajudar no seu próprio posicionamento. Pense também nas idéias pré-concebidas que você tem do seu chefe, clientes e liderados.
Eu gerencio os outros – Aqui exercitamos a liderança situacional, gerenciamos conflitos, colaboramos e trabalhamos em equipe, construímos alianças e desenvolvemos os outros. Nesta área pode-se observar a capacidade de lidar com pessoas difíceis. Desafiar o status quo, ou seja, a maneira como as coisas são é uma forma de avaliar como você gerencia os outros. Aproveite para refletir sobre algo importante que deseja comunicar e se pergunte: o que é mais importante nesta mensagem para mim? E para os outros? Pense, ainda, se existe uma melhor maneira de dizer o que deseja.
RH - Como a área de Recursos Humanos pode colaborar para o desenvolvimento da Inteligência Emocional?
Carlos Cruz - Contratando profissionais especializados em desenvolvimento humano, como eu (risos). Como segunda opção, sugiro que o profissional de Recursos Humanos comece um trabalho consigo mesmo, depois envolva toda a sua área, os líderes e, por último, toda a organização. Faça isso por meio do diálogo de desenvolvimento, conscientizando todos os colaboradores do que vem a ser uma pessoa emocionalmente inteligente, como ela age e os benefícios que esse aprendizado traz para a vida de maneira geral. Estimule os indivíduos a criarem planos de ação e trabalhe com as cinco áreas que citei.
RH - Uma vez que desenvolve a sua Inteligência Emocional, a pessoa pode utilizá-la também na vida pessoal?
Carlos Cruz - Uma vez desenvolvida a Inteligência Emocional ela pode ser utilizada em qualquer área da vida, em qualquer lugar e em todos os momentos. Costumo dizer a seguinte frase: cuide das suas emoções, dos seus pensamentos e, principalmente do seu corpo, pois ele é a casa onde você mora.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
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